Mesmo diante dos embates existentes acerca dos calendários, atualmente, grande parte do povo judeu segue uma linha cronológica própria para o cumprimento das solenidades e seus anos sabáticos (Shabat Shemitah), contudo, muitos não fixam o quinquagésimo ano, qual seja o Jubileu (Yovel).
Para entender as dificuldades de interpretação na contagem do calendário bíblico, durante a trajetória histórica do povo judeu, incentivamos que acessem este outro artigo.
O ponto chave para realizarmos a interpretação
Vejamos, novamente, o que está escrito no livro de Levítico:
Falou mais o SENHOR a Moisés no monte Sinai, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: QUANDO TIVERDES ENTRADO NA TERRA, que eu vos dou, então a terra descansará um sábado ao SENHOR. Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos; Porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha. (Levítico 25:1-4, grifo nosso).
Podemos averiguar que a contagem dos anos sabáticos deveria ter início no momento da entrada do povo na terra, semeando por seis anos consecutivos e, no sétimo ano, cumprindo o Shabat Shemitah, ou seja, o sábado de descanso para a terra.
Ainda no livro de Levítico, lê-se que:
Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos. Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu; no dia da expiação fareis passar a trombeta por toda a vossa terra, e santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família. O ano quinquagésimo vos será jubileu; não semeareis nem colhereis o que nele nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as uvas das separações, Porque jubileu é, santo será para vós; a novidade do campo comereis. Neste ano do jubileu tornareis cada um à sua possessão. (Levítico 25:8-13, grifo nosso).
Ora, cada ciclo de ano sabático é composto por seis anos de semeadura e o sétimo ano com o descanso da terra.
O Jubileu é o quinquagésimo ano, selando um ciclo de sete anos sabáticos e este é um ano santo. No Jubileu também há o descanso da terra.
Logo, entendemos que o quinquagésimo ano não pode ser o primeiro ano do próximo ciclo, visto as diversas peculiaridades e tratativas que devem ser realizadas neste ano solene.
As diversas barreiras enfrentadas pelo povo judeu
De acordo com Maimônides (1180) “o 49º ano é um ano sabático e o 50º ano é um ano de Jubileu. Então, o 51º ano é o primeiro dos seis anos do próximo ciclo sabático”, complementando, ainda, que o ciclo dos sete anos sabáticos dependia da fixação do Jubileu, pois este ano traçava o marco de encerramento de um ciclo e deliberava a contagem do próximo ciclo, no ano seguinte.
Portanto, o ano do Jubileu não deve ser incorporado ao ciclo seguinte. Em vez disso, o novo ciclo de sete anos deve iniciar no 51º ano e, dessa maneira, o ciclo se repete sem ferir os mandamentos de Deus.
Além disso, Maimônides acrescentou que as demais instruções como: a liberação de escravos e a devolução da terra aos proprietários originais, não foram aplicadas após a reconstrução do Segundo Templo. Após a destruição do mesmo, o povo começou uma nova prática para numerar cada sétimo ano como um ano sabático, não observando o quinquagésimo ano.
De acordo com Blad (2022), os preceitos que regem o Ano Sabático e o Jubileu envolvem somente a terra de Israel e, portanto, deveriam ser obedecidos neste local físico. Em decorrência da Diáspora, a terra ficou inabitada pelos judeus durante séculos, prejudicando a contagem dos anos sabáticos.
No século XIX os judeus começaram a retornar para a Palestina Otomana. Muitos judeus consideram a Primeira Imigração (Aliyah), a partir de 1881, como um marco importante.
Nesta época foram estabelecidos os primeiros assentamentos rurais, cuja maioria dos grupos veio da Rússia a fim de se ajuntarem com o povo judeu pré-existente nesta região, permitindo, assim, o reinício da contagem dos anos sabáticos.
Blad acrescentou que, atualmente, alguns judeus entendem a necessidade da contagem dos anos sabáticos e Jubileu, contudo, por ser uma solenidade impraticável, muitos não adotam a contagem do quinquagésimo ano.
Comparando as duas interpretações: Judaica e Bíblica
Entendemos que esta contagem é de extrema relevância no cumprimento das profecias.
Por este motivo, abordaremos quadros demonstrativos da contagem dos anos sabáticos e, consequentemente, Jubileu.
Para facilitar a compreensão, adotaremos as seguintes nomenclaturas:
● Linha Sequencial dos Judeus: adotada pelos judeus, a partir de 1881;
● Linha Sequencial Bíblica: baseada nas instruções contidas em Levítico 25.
Vejamos, portanto, de maneira ilustrativa, a diferença entre elas:
Quando entrardes na terra que EU vos dou [tomar posse]
Em Josué 5:10-12, os israelitas estavam tomando posse da terra de Canaã. O Senhor deixou de enviar o maná após realizarem a primeira celebração da Páscoa, então tiveram que se alimentar dos frutos da terra prometida e se tornando em uma poderosa nação.
Ao considerarmos que os judeus retomaram a posse da terra prometida, em 14 de maio de 1948, testemunhamos muitos sinais proféticos de restauração. O povo judeu, que quase foi extinto na Segunda Guerra Mundial, tornou-se, então, uma potência mundial: próspera, fortemente armada e vencendo guerras de maneira miraculosa.
Considerando a retomada da terra em 1948, podemos, então, observar a seguinte estruturação:
Ao analisarmos os acontecimentos históricos que permeiam os anos sabáticos, tanto na Linha Sequencial dos Judeus, quanto na Linha Sequencial Bíblica após 1948, percebemos, de maneira espantosa, que o mundo vem sendo açoitado por muitos eventos catastróficos.
Tais eventos sinalizam um aumento crescente de dores (terremotos, pestes, tsunamis, guerras e outras catástrofes), ou seja, servem de alerta para a humanidade se atentar para as Escrituras Sagradas, sobretudo, quanto aos últimos dias.
Estes sinais proféticos se relacionam, intimamente, com os encontros sagrados.
As informações deste artigo foram extraídas do ebook “MOW’ED – Solenidades Bíblicas e os Últimos Dias“. Se você já adquiriu e foi edificado por estes escritos, incentivamos que compartilhe com amigos e familiares.
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Vamos prosseguir no caminho do Evangelho Genuíno, conforme a doutrina dos apóstolos de Jesus Cristo.
Se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? (1 Co 14:8).