A lição da figueira é muito importante, visto que se trata de uma árvore frutífera que oferece seus frutos após o período de verão, bem como a videira (uvas) e a oliveira (azeite), sendo que o amadurecimento destes frutos está relacionado com as chuvas.
Compreendendo o período das chuvas: temporã e serôdia
Algumas traduções bíblicas associam a chuva temporã com o outono e a chuva serôdia com a primavera: “então, no devido tempo, enviarei chuva sobre a sua terra, chuva de outono (temporã) e de primavera (serôdia), para que vocês recolham o seu cereal, e tenham vinho novo e azeite” (Deuteronômio 11:14 – versão KJA).
As chuvas da primavera (serôdia) são mais intensas, necessárias para a preparação da terra e o amadurecimento de muitos frutos, dentre os quais destacamos os produtos da oliveira (azeite), da videira (uvas) e da figueira (figos). Os frutos são amadurecidos no verão.
Conforme denominados pelos profetas do Antigo Testamento, os frutos de verão são colhidos para as festividades do terceiro e último encontro sagrado, com ápice na Festa de Tabernáculos, no início de outono. Tiago, entendendo o princípio acerca das chuvas, faz uma associação entre o amadurecimento dos frutos e a vinda de Jesus:
Agora, quanto a vocês, irmãos, que estão esperando a volta do Senhor, sejam pacientes, como o lavrador que espera até a vinda da chuva do outono e da primavera, para que a sua preciosa colheita amadureça. Sim, sejam perseverantes. E tenham coragem, pois a vinda do Senhor está próxima. (Tiago 5:7-8, grifo nosso).
Uma Preciosa Lição do Nosso Mestre Jesus
Partindo do entendimento de que os frutos de verão são colhidos para as festividades do terceiro e último encontro sagrado, passamos a ter facilidade na compreensão dos planos de Deus para o seu povo, principalmente, para os últimos dias. Jesus, no seu sermão profético a respeito do fim, enfatizou: “Aprendam a lição da figueira: quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo”. (Mateus 24:32, grifo nosso).Lucas narra esta mesma passagem acrescentando outras árvores: “Observem a figueira e todas as árvores” (Lucas 21:29).
Ao analisarmos o hebraico, a palavra “verão” é “qayits” (do hebraico .(קיץ Já a palavra “fim” é “qets” (do hebraico קץ ). Nota-se que a pronúncia de ambas possui, praticamente, a mesma sonoridade. De igual forma, tal semelhança também ocorre ao compararmos as mesmas palavras no grego, onde “verão” é “theros” (θερος) e “fim” é “telos” (τελος). Logo, entendemos que a mensagem que Jesus estava transmitindo é de que o fim está associado com o verão.
Quando nos deparamos com a visão do profeta Amós, dada pelo Senhor, acerca dos últimos dias, enxergamos com maior clareza a mensagem que Jesus transmitiu, pois lemos: “O SENHOR DEUS assim me fez ver: E eis aqui um cesto de frutos do verão. E disse: Que vês, Amós? E eu disse: Um cesto de frutos do verão [qayits]. Então o SENHOR me disse: chegou o fim [qets] sobre o meu povo Israel; nunca mais passarei por ele” (Amós 8:1-2, grifo nosso).
Uma preciosidade pouco meditada pelos domésticos da fé
Uma parábola pouco meditada, porém, muito relevante se encontra no livro de Cantares de Salomão:
O meu amado falou e me disse: Levante-se, minha querida, minha bela, e venha comigo. Veja! O inverno passou; as chuvas (serôdia/primavera) acabaram e já se foram. Aparecem flores sobre a terra, e chegou o tempo de cantar; já se ouve em nossa terra o arrulhar dos pombos. A figueira produz os primeiros frutos; as vinhas florescem e espalham sua fragrância. Levante-se, venha, minha querida; minha bela, venha comigo. Minha pomba que está nas fendas da rocha, nos esconderijos, nas encostas dos montes, mostre-me o seu rosto, deixe-me ouvir a sua voz; pois a sua voz é suave, e o seu rosto é lindo. Apanhem para nós as raposas, as raposinhas que estragam as vinhas, pois as nossas vinhas estão floridas. O meu amado é meu, e eu sou dele; ele pastoreia entre os lírios. Volte, amado meu, antes que rompa o dia e fujam as sombras, e seja como a gazela ou como o cervo novo nas colinas escarpadas. (Cantares 2:10-17, grifo nosso).
Analisemos, de forma minuciosa, esta parábola:
● A palavra “levante-se”, no original, é “quwm” (do hebraico קום). A tradução de “quwm” também se refere à “ressurreição”;
● Claramente, o inverno e a primavera (chuva serôdia) passaram, sinalizando a chegada do verão;
● A videira e a figueira são árvores que estão relacionadas com os frutos de verão;
● A amada é chamada por “pomba minha”, que estava escondida nas fendas das rochas/encostas dos montes, fazendo alusão ao que está escrito em Salmos 91:1: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”. Ao olharmos para este saltério (v.3), visualizamos o livramento do “laço do passarinheiro”, ou seja, a pomba será livre, bem como o livramento da “peste perniciosa”. Este termo nos faz meditar na mulher que será escondida no deserto, fora da vista da serpente (peste perniciosa), durante três anos e meio, conforme se lê em Apocalipse 12;
● O termo “volte, amado meu” nos faz concluir que todos os acontecimentos supramencionados ocorrerão antes da volta de Jesus. Portanto, a parábola de Cantares revela um cenário profético no qual precisamos dar a devida atenção. No livro de Miquéias 7:1, o profeta diz: “que desgraça a minha! Sou como quem colhe frutos de verão na respiga da vinha; não há nenhum cacho de uvas para provar, nenhum figo novo que eu tanto desejo” (grifo nosso). Ele acrescenta, declarando: “Os piedosos desapareceram do país; não há um justo sequer…” (Miquéias 7:2). A falta dos frutos corresponde à falta de justos, em um contexto de grande provação, ante à opressão dos injustos. Contudo, mesmo diante de um cenário caótico, o profeta proclama palavras de esperança:
Mas, quanto a mim, ficarei atento ao Senhor, esperando em Deus, o meu Salvador, pois o meu Deus me ouvirá. Não se alegre a minha inimiga com a minha desgraça. Embora eu tenha caído, eu me levantarei [quwm]. Embora eu esteja morando nas trevas, o Senhor será a minha luz. (Miquéias 7:7-8, grifo nosso).
Em linhas gerais, o profeta Miquéias lamenta o caos, porém, está anunciando que Jesus virá e resgatará àqueles que perseverarem até o fim.
O verão representa um processo de intensa provação
O profeta Jeremias também demonstra sentimentos de profundo lamento ante à apostasia: “passou a época da colheita, acabou o verão, e não estamos salvos” (Jeremias 8:20, grifo nosso). Assim como no contexto do profeta Miquéias, a falta de frutos está associada com a falta dos justos. Porém, o contexto do profeta Jeremias revela um acréscimo neste entendimento: o verão é um processo de provação que antecede a salvação.
Consideremos a seguinte característica acerca do verão: é uma estação de calor intenso. O processo de provação atribuído ao verão está associado ao batismo com fogo. João Batista testificou: “…Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3:11, grifo nosso). Em suas instruções acerca de Sua volta, Jesus confirmou: “Vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Mas tenho que passar por um batismo, e como estou angustiado até que ele se realize!” (Lucas 12:49-50).
A angústia de Jesus estava relacionada com o batismo que Ele haveria de enfrentar, cuja provação permeou desde o Getsêmani até a crucificação. Jesus afirmou que este batismo com fogo se estenderia sobre os filhos de Deus: “Vocês beberão o cálice que estou bebendo e serão batizados com o batismo com que estou sendo batizado” (Marcos 10:39).
Esta provação de fogo é um refinamento progressivo no qual somos submetidos no decorrer da vida, até o dia da redenção. Este processo tem o seu ápice na grande tribulação, conforme enfatizado em Daniel 12:10: “Muitos serão postos à prova, e com isso se purificarão, e se aperfeiçoarão. Os maus continuarão na sua maldade, e nenhum deles entenderá o que está acontecendo, mas os sábios entenderão”. Os sábios não apenas entenderão como também deverão estar preparados para este cenário de grande aflição sobre toda a terra.
A necessidade de passarmos pela provação
O profeta Malaquias explanou:
Mas quem poderá aguentar o dia em que ele vier? Quem ficará firme quando ele aparecer? Pois ele será como o fogo, para nos purificar; será como o sabão, para nos lavar. Ele se sentará para purificar os sacerdotes, os descendentes de Levi, como quem purifica e refina a prata e o ouro no fogo. (Malaquias 3:2-3, grifo nosso).
Vimos, claramente, que uma geração sacerdotal será refinada e purificada no fogo. Quanto aos ímpios, o profeta Malaquias enfatizou que os tais não subsistirão: “Pois certamente vem o dia, ardente como uma fornalha. Todos os arrogantes e todos os malfeitores serão como palha, e aquele dia, que está chegando, ateará fogo neles, diz o Senhor dos Exércitos. Nem raiz nem galho algum sobrará” (Malaquias 4:1), porém, aos justos, acrescentou: “Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo cura em suas asas…” (Malaquias 4:2).
Logo, esta provação deve ser encarada com bom ânimo, como frisou Tiago: “Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam” (Tiago 1:12). Esta mensagem se conecta com a promessa que se encontra na carta para a igreja de Esmirna, no qual Jesus declarou:
Não temas nada do que estais prestes a sofrer! Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão; a fim de que sejais provados, e sofrereis perseguição durante dez dias. Sê fiel até a morte, e Eu te darei a coroa da vida! (Apocalipse 2:10, grifo nosso).
Além de Esmirna, a igreja de Filadélfia também recebe uma mensagem de esperança: “Vocês têm obedecido à minha ordem para aguentar o sofrimento com paciência, e por isso eu os protegerei no tempo da aflição que virá sobre o mundo inteiro para pôr à prova os povos da terra” (Apocalipse 3:10).
Os fiéis terão de enfrentar uma provação, suportando o sofrimento com paciência. Esta prova de lealdade é imprescindível, pois os manterá protegidos diante das demais aflições (flagelos) que serão derramadas sobre os povos do mundo. O apóstolo Pedro instruiu às igrejas gentílicas acerca do poder de Deus que as guardava para a salvação que seria revelada nos últimos tempos, afirmando, ainda, que deveriam suportar as várias provações, com bom ânimo.
Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no dia em que Jesus Cristo for revelado. (1 Pedro 1:7, grifo nosso).
Pedro foi inspirado pelo Espírito Santo e continuou a reforçar este ensinamento:
Amados, não vos assusteis com a provação que surge entre vós, como fogo ardente, com o objetivo de provar a vossa fé. Não entendais isso como se algo estranho vos estivesse acontecendo. Contudo, alegrai-vos por serdes participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também vos alegreis e exulteis na revelação da sua glória. Se sois insultados por causa do nome de Cristo, bem-aventurados sois, porquanto sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus. (1 Pedro 4:12-14, grifo nosso).
A provação da grande tribulação apregoada pela Igreja Primitiva
As declarações de Irineu de Lião (Séc. I d.C.) comprova que a Igreja Primitiva tinha ciência de que os justos passariam por esta provação do fogo nos últimos dias, fazendo alusão entre a fornalha acesa diante de Ananias, Azarias e Misael e a provação diante da imagem da besta, na grande tribulação.
Com efeito, a estátua construída por Nabucodonosor tinha sessenta côvados de altura e seis de largura e por se terem recusado a adorá-la Ananias, Azarias e Misael foram lançados na fornalha acesa, profetizando com o que lhes acontecera, a prova do fogo a que serão submetidos os justos no final dos tempos. Aliás toda esta estátua foi a prefiguração da vinda daquele que pretendia se fazer adorar por absolutamente todos os homens. Assim os seiscentos anos de Noé, na época do dilúvio que se deu por causa da apostasia, e o número dos côvados da estátua, por causa da qual os justos foram lançados na fornalha acesa, indicam o número do nome daquele em que será recapitulada toda apostasia, a injustiça, a iniquidade, a pseudoprofecia e o engano de seis mil anos, por causa dos quais acontecerá o dilúvio de fogo. (Irineu de Lião – Sec. I, grifo nosso).
As instruções apostólicas são atemporais e tão necessárias para os dias atuais. O Sistema Babilônico vem aprisionando igrejas com diversos sofismas, enganando vidas com mensagens de autoajuda e com promessas terrenas, que não apontam para a Eternidade. Sabemos que o futuro deste mundo reserva muitas aflições para o povo de Deus e a mensagem de Pedro deve permanecer em nossos corações: “se alguém sofrer por ser cristão, não fique envergonhado, mas agradeça a Deus o fato de ser chamado por esse nome” (1 Pedro 4:16).
O tempo de juízo começará pelos domésticos da fé: “Pois o tempo de começar o julgamento já chegou, e os que pertencem ao povo de Deus serão os primeiros a serem julgados” (1 Pedro 4:17). Conforme já vimos através dos profetas Miquéias e Jeremias, a falta dos frutos de verão remete à falta de justos na terra. Joel convoca o povo ao arrependimento, proclamando: “Chorem de tristeza e fiquem de luto, como a jovem que chora a morte do seu noivo antes do casamento” (Joel 1:8), pois a terra estava assolada: “Eis que a videira secou, a figueira murchou; e a romãzeira, a palmeira, a macieira e todas as árvores do campo perderam o viço e secaram…” (Joel 1:12).
Um chamado para o posicionamento dos servos de Deus
As árvores precisam frutificar no verão. Jesus também deixou autra lição da figueira para seus discípulos:
E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar (Lucas 13:6-9).
Nos últimos dias, o povo precisa estar posicionado, apto e aprovado por Deus. O Senhor se alegra com a presença dos justos/frutos. O profeta Oséias retratou esta alegria do Senhor ao encontrar Israel, porém, o povo se corrompeu, conforme se lê:
Quando encontrei Israel, fiquei tão alegre como quem acha uvas no deserto; quando vi os vossos antepassados, foi como contemplar os primeiros frutos de uma figueira. Entretanto, quando eles chegaram a Baal-Peor, deus do monte Peor, consagraram-se àquele ídolo ignóbil e se tornaram tão abomináveis quanto aquilo que amaram (Oséias 9:10).
A lição da figueira é um ensinamento que se encontra em muitas passagens da Bíblia. Aprender sobre os frutos de verão é valioso. Por hora, precisamos entender que a frutificação depende de arrependimento e santificação. Como expôs Joel:
Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal (Joel 2:12-13).
Além deste arrependimento pessoal e individual, o Senhor convoca uma reunião solene para que haja um gesto de arrependimento coletivo:
Toquem a trombeta em Sião! Convoquem um jejum santo e reúnam todo o povo para uma reunião solene. Que venham todos: reúnam os anciãos, as crianças e até mesmo os que mamam no peito. O noivo e a noiva devem deixar seus aposentos particulares. Que os sacerdotes, que ministram perante o Senhor, fiquem entre o pórtico do templo e o altar, chorando, e façam a seguinte oração: “Senhor, poupe o seu povo; não deixe que as nações pagãs o dominem, porque ele pertence ao Senhor. Não deixe que a sua herança seja objeto de zombaria e humilhação entre os povos pagãos, para que não digam: ‘Onde está o Deus deles? (Joel 2:15-17).
Deus requer dos ministros do altar, que sejam intercessores do povo, a fim de que Ele tenha misericórdia e, pela honra de sua terra, mostre o seu zelo:
Não tenham medo, animais do campo, pois os pastos voltarão a ficar verdes. As árvores darão os seus frutos; as figueiras e videiras florescerão mais uma vez. Alegre-se, ó povo de Sião, alegre-se no Senhor, o seu Deus! Pois as chuvas que ele manda são provas da sua justiça. As chuvas do outono e da primavera voltarão a cair como antes. (Joel 2:22-23).
Portanto, vale ressaltar que o arrependimento traz as chuvas, que rega a terra, e esta produz os seus frutos. A colheita dos frutos de verão nos levam para as solenidades do Terceiro Encontro.
As informações deste artigo foram extraídas do ebook “MOW’ED – Solenidades Bíblicas e os Últimos Dias“. Se você já adquiriu e foi edificado por estes escritos, incentivamos que compartilhe com amigos e familiares.
Vamos prosseguir no caminho do Evangelho Genuíno, conforme a doutrina dos apóstolos de Jesus Cristo. Se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? (1 Co 14:8).