Conforme descrito em Daniel 9:2, o profeta se aprofundou nos estudos e compreendeu, nas Escrituras Sagradas, os motivos que levaram à sentença do cativeiro de setenta anos, predita pelo profeta Jeremias.
Àquela época os profetas tinham, ao seu dispor, o Pentateuco, composto pelos cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada.
O Pentateuco também é chamado de Torá, que significa Instrução. Este compilado de livros possui esclarecimentos suficientes para indicar o fundamento do decreto dos setenta anos do cativeiro babilônico.
Preciosos fundamentos relatados pelo Eterno
O livro de Levítico (do hebraico וַ יִּקְרָא – “Vaicrá”), que significa “Chamado por Deus”, teve a maioria de seus discursos transmitidos para Moisés, no monte Sinai.
Seus textos enfatizam diversas instruções no tocante aos primeiros sacerdotes (kohamin), aos levitas e descendentes de Arão, todavia, trata-se de um livro endereçado a todos os israelitas (Levítico 1:2).
Dentre as instruções, destacam-se as práticas rituais e morais perante o santuário de Deus, a fim de manter distância entre os pecados/impurezas e o povo, consequentemente, trazendo-lhes o perdão do Senhor (Levítico, Caps. 4 e 5) e a purificação desejada (Levítico, Caps. 11 a 16).
Vale frisar que todas estas práticas relatadas nas Escrituras Sagradas, se cumpridas, resultavam na permanência da aliança do Senhor com Israel, isto é, Deus permanecia “tabernaculando” no meio do povo.
Ao avançarmos nos estudos no livro de Levítico, respectivamente no capítulo 23, encontraremos as instruções a respeito do sábado (shabat), que é um descanso solene, bem como as solenidades bíblicas, sendo estas: Páscoa e Pães Ázimos (V. 5 – 8); Primícias (V. 9 – 14); A Festa das Semanas – Pentecostes (V. 15 – 22); Trombetas (V. 23 – 25); Dia da Expiação (V. 26 – 32) e a Festa dos Tabernáculos (V. 33 – 44).
As expressões “solenidade” ou “festa”, no original em hebraico, é מועד (mow’ed), que significa tempo determinado. Além disso, a expressão mow’ed pode assumir, ainda, o significado de reunião solene, lugar de encontro ou sinais sagrados.
Valiosas Revelações acerca dos Tempos Determinados
No livro de Gênesis 1:14 o termo mow’ed foi traduzido para o português como “estações”,
contudo, trata-se de uma tradução que restringe e ofusca o real sentido desta palavra tão importante, cuja tradução ideal seria tempo determinado.
Certamente, as celebrações no tabernáculo possuíam práticas que apontavam para um propósito mais sublime, como mesmo frisou o escritor de Hebreus: “A lei dada por Moisés não é um modelo completo e fiel das coisas verdadeiras; é apenas uma sombra das coisas boas que estão para vir” (Hebreus 10:1).
Diante da incomensurável presciência de Deus, no decorrer da história o Senhor permitiu que ocorressem divergências na contagem dos dias e dos anos.
Além disso, o inimigo procurou intervir na humanidade para ofuscar as diversas revelações concernentes às reuniões solenes, dificultando, por muitos séculos, a percepção e o pleno discernimento desta maravilhosa obra divina.
O Senhor pretende derramar, nestes últimos dias, uma unção extraordinária de poder, autoridade e sabedoria sobre servos posicionados, para trilharem a trajetória revelada pelas solenidades, acerca da obra redentora de Cristo para a humanidade.
Os atos relacionados aos encontros solenes e ao sacrifício contínuo, na tenda da congregação, foram estabelecidos por estatuto perpétuo nas Escrituras Sagradas, associando-os com a preparação do povo ao caminho da retidão e ao genuíno exercício da fé.
Dentre as práticas relacionadas ao ofício sacerdotal, encontram-se instruções acerca dos cuidados do candelabro (Menoráh), no qual Arão deveria utilizar azeite puro, preparado pelo povo, para manter as luminárias acesas diariamente (nos sacrifícios da tarde e da manhã).
Os cuidados do incensário (altar de ouro) também eram realizados periodicamente. Além disso, doze pães deveriam ser preparados perante uma mesa, continuamente, a cada dia de sábado, apontando para as doze tribos de Israel.
Estas práticas estão presentes nas solenidades bíblicas, tendo em vista a realização dos sacrifícios que, consequentemente, envolvem tais elementos sagrados do tabernáculo.
As Solenidades Bíblicas e os ciclos de Anos Sabáticos até o Jubileu
As celebrações sagradas (Levítico 23) estão relacionadas com as colheitas, onde o povo deveria apresentar os primeiros frutos da terra como ofertas ao Senhor. Tais práticas anuais tinham como objetivo conduzir o povo à confiança em Deus como sendo o provedor de todas as coisas e mantenedor de um relacionamento contínuo com eles.
Diante destas valiosas recomendações do Senhor, o capítulo 25 de Levítico apresenta instruções ainda mais profundas, para provar o exercício da fé e confiança em Deus. Tais instruções referem-se ao cumprimento do Ano Sabático (Shemitah) e do Ano do Jubileu (Yovel).
O Ano Sabático (Levítico 25: 1 – 7) se trata do ano de descanso da terra. Nos seis primeiros anos a terra poderia ser cultivada (semeadura, poda e colheita), enquanto que, no sétimo ano, não poderia haver qualquer cultivo, nem mesmo a colheita daquilo que a terra, outrora semeada, já havia produzido até aquele momento. Deveria haver descanso para a terra.
Embora Deus tenha instituído o descanso para a terra, ela ainda brotaria “espontaneamente”. Esta era uma garantia do Senhor, pois, em Levítico 25:6 Ele prometeu que todas as pessoas e animais seriam alimentados pelos frutos, produzidos pela própria terra naquele ano. O povo precisava exercitar a fé.
Os Escritos Sagrados apontam para o Propósito Divino
O Senhor queria que o povo meditasse nas Escrituras Sagradas (Deuteronômio 6:6-9). Ele determinou, ainda, que no sétimo ano (Shemitah) houvesse uma reunião solene, na Festa de Tabernáculos, para a leitura da lei, cujo objetivo era que o povo tivesse uma vida de temor e obediência ao cumprimento destas ordenanças.
E Moisés escreveu esta lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca da aliança do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel. E ordenou-lhes Moisés, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo determinado do ano da remissão, na festa dos tabernáculos, quando todo o Israel vier a comparecer perante o SENHOR teu Deus, no lugar que ele escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos. Ajunta o povo, os homens e as mulheres, os meninos e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam e aprendam e temam ao SENHOR vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei. (Deuteronômio 31:09-12).
Após sete anos sabáticos, isto é, após quarenta e nove anos, o ano quinquagésimo seria santificado. Este seria chamado de “Ano do Jubileu” (Levítico 25:8–22), onde passava-se a Trombeta do Jubileu por toda a terra, no mês sétimo, aos dez dias do mês, no Dia da Expiação.
Ao olharmos para a preparação da Festa das Semanas, onde o povo deveria apresentar os feixes (colheita) de ofertas durante sete sábados consecutivos (quarenta e nove dias) que antecediam o dia de Pentecostes (quinquagésimo dia), podemos enxergar que aponta diretamente para o exercício da fé necessária nos sete anos sabáticos (quarenta e nove anos) e Jubileu (quinquagésimo ano).
O descanso semanal do sábado, bem como as reuniões solenes, eram os exercícios preparatórios, visto que o povo não poderia trabalhar nestes períodos, ou seja, deveriam depender totalmente do Senhor.
O povo obedeceu a Deus nos eventos anuais, porém, não teve êxito em satisfazer plenamente a vontade do Senhor nos eventos em que dependiam unicamente do exercício da fé, quais sejam: os anos sabáticos e Jubileu. Os israelitas não creram que o Deus da provisão poderia sustentá-los durante o descanso da terra.
Essa constatação pode ser evidenciada, ainda nos dias de hoje, conforme referência a publicação do CHABAD.ORG (2020):
Para um agricultor judeu, é muito difícil não trabalhar os campos e pomares durante um ano inteiro, não podendo dispensar-lhes os cuidados adequados. Que dirá então o quão difícil é para ele não trabalhar a terra por dois anos seguidos! O sétimo ano de Shabat Shemitá e o seguinte, do jubileu. Na época do Templo Sagrado isto era exatamente o que acontecia a cada cinquenta anos. Atualmente, não se guarda o Yovel [Jubileu].
Portanto, podemos compreender que, até hoje, o povo judeu possui grandes dificuldades em avançar na confiança e no exercício da fé para o pleno cumprimento dos anos sabáticos e do Jubileu.
Esta é uma das principais causas que resultaram nas consequências geradas ao povo de Israel, não somente para o Reino de Judá (com o cativeiro babilônico), mas também para o Reino de Israel, com as dez tribos perdidas entre os gentios, após o cativeiro assírio.
Os Resultados Amargos da Desobediência
Além disso, o povo foi se tornando “maus aos olhos do Senhor”. Podemos encontrar, nas Escrituras Sagradas, os atos praticados pelo povo e seus governantes (juízes e reis), essencialmente quando estes descumpriam a Lei do Senhor.
O surgimento da expressão “maus aos olhos do Senhor” pode significar que o povo se desviou, demasiadamente, em seus caminhos, não obedecendo aos mandamentos de Deus, resultando nas consequências futuras.
O capítulo 26 de Levítico enfatiza que a desobediência a todos os mandamentos invalidaria a aliança do Senhor com o povo. Portanto, não somente o descumprimento dos anos sabáticos e do Jubileu, mas a inobservância dos preceitos, de uma forma geral, resultaria em consequências terríveis.
Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos, e se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma se enfadar dos meus juízos, não cumprindo todos os meus mandamentos, para invalidar a minha aliança, então eu também vos farei isto: … (Levítico 26:14-16).
O povo, mesmo conhecendo a Lei, transgrediu-a. Logo, a transgressão dos mandamentos do Senhor gerou o cativeiro, que teve como base de cálculo para a proclamação do juízo, a desobediência ante ao ordenamento referente ao descanso da terra.
Convidamos acessar o vídeo explicativo no nosso canal do Youtube para obter informações detalhadas acerca dos fundamentos da profecia das 70 Semanas:
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Vamos prosseguir no caminho do Evangelho Genuíno, conforme a doutrina dos apóstolos de Jesus Cristo.
Se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? (1 Co 14:8).